Por: GABRIELLE ALVES
A água usada nas atividades domésticas se transforma no resíduo
líquido conhecido como esgoto, que pode causar sérios problemas tanto
ao meio ambiente como à saúde das pessoas. O esgoto doméstico pode ser
tratado com relativa facilidade antes de ser lançado no ambiente.
Infelizmente, tratamento de esgoto é uma baixa prioridade para o poder
público e para a população em geral, o que resulta em índices baixos de
coleta e tratamento no Brasil.
Impactos sanitário e ambiental
Quando falamos no problema do esgoto temos que pensar em dois tipos
de impacto: o sanitário e o ambiental. O impacto sanitário envolve os
problemas de saúde pública causados pelo esgoto, que propaga doenças
quando não é coletado e tratado corretamente. As estatísticas mostram
que a qualidade de vida da população está ligada diretamente a boas
condições sanitárias. Por muito tempo, as ações públicas e individuais
em relação ao esgoto deram prioridade somente ao aspecto sanitário. A
questão ambiental só começou a ser considerada recentemente. No mundo
atual, porém, não faz sentido resolver apenas os problemas do esgoto
que ameaçam a saúde da população. A saúde do ambiente também deve ser
preservada, afinal, se o ambiente se degradar, a qualidade de vida da
população vai cair também.
Coleta e tratamento
Entende-se por coleta as soluções para levar o esgoto desde sua
origem até o seu destino final. Normalmente isso se traduz em
tubulações enterradas por onde o esgoto escoa. Já o tratamento consiste
em um conjunto de operações que transformam o esgoto novamente em água
de qualidade que pode ser reusada ou lançada no meio ambiente sem
causar problemas.
O privado e o público
Tanto a coleta como o tratamento do esgoto podem ter uma etapa
privada e outra pública. Quem constrói sua casa e canaliza o esgoto da
pia, do tanque, do vaso sanitário até a tubulação que passa na rua está
fazendo a parte privada do processo. Já as manilhas da rua estão na
parte pública do caminho realizado pelo esgoto. Quando o proprietário
de uma casa instala uma fossa séptica no seu terreno está fazendo um
tratamento do esgoto no lado privado. Se o esgoto é tratado em uma
estação municipal, então o tratamento está acontecendo no lado público.
Mas a quem compete resolver o problema do esgoto? Ao cidadão ou ao
governo? Quem mora em um sítio provavelmente terá que resolvê-lo por
conta, pois não é viável estender a rede pública de coleta até áreas
rurais. Em algumas cidades, a lei obriga condomínios residenciais a
fazerem tratamento do seu esgoto antes de lançá-lo na rede pública. Em
áreas urbanas, o cenário ideal seria aquele em que o poder público
coleta e trata todo o esgoto doméstico, mas no Brasil esse ainda é um
sonho que pouquíssimos municípios concretizaram. Sobra para o cidadão
consciente, na maioria dos casos, a responsabilidade não assumida pelo
poder público.
No Brasil, os índices de coleta pública de esgoto são baixos e os de
tratamento público, menores ainda, ou seja, em muitos lugares não há
rede pública de coleta e onde essa rede existe geralmente falta o
tratamento.
O caminho do esgoto de ponta a ponta
O esgoto faz um caminho desde a origem até o seu destino final que pode apresentar as seguintes etapas.
- Coleta privada. As canalizações de esgoto de uma
casa são exemplo de coleta no lado privado do fluxo. Ocorre na
propriedade e compete ao cidadão. Embora tubos de PVC venham à nossa
cabeça sempre que falamos em coleta de esgoto em casa, existem outras
formas de coleta. O penico que ficava sob a cama de nossos avós é uma
delas.
- Tratamento privado. Inclui as iniciativas tomadas
pelo indivíduo para tratar o seu esgoto. Um exemplo é a fossa séptica,
muito popular no Brasil e que costuma ser enterrada próxima da casa.
Também existem estações de tratamento completas para tratar na
propriedade o esgoto residencial.
- Coleta pública. As manilhas colocadas na rua são
parte da rede pública de coleta. Em uma situação ideal, elas acompanham
a topografia do terreno e conduzem o esgoto para tubulações maiores que
correm pela lateral dos córregos. Essas, desembocam em tubulações
tronco instaladas nas laterais dos rios até que todo o esgoto chega à
estação de tratamento municipal. Infelizmente, em muitos casos, o
esgoto é lançado sem tratamento, diretamente nos córregos e nos rios.
- Tratamento público. As estações municipais recebem
o esgoto coletado na rede pública. Quando feito seguindo as melhores
práticas esse tratamento gera água recuperada que pode ser lançada no
rio sem problemas. Uma estação eficiente pode também gerar água não
potável para usos industriais e agrícolas, além de metano para geração
de energia e biossólido para adubação e condicionamento de solos.
- Lançamento no ambiente. O fim da linha para o
esgoto, tratado ou não, é o ambiente, que pode ser um corpo receptor
(córrego ou rio) ou, então, o solo. Quando é lançado no solo, o esgoto
vai atingir os lençóis subterrâneos.